Compressão tempo-espaço. David Harvey, em A condição pósmoderna (1992), utiliza essa expressão para designar o processo de rápida intensificação das mudanças contemporâneas. “Mudanças abissais”, escreve ele ao designar as transformações – aceleradas e globalizadas – que afetam as esferas econômicas, sociais e culturais. As empresas mudam suas estratégias produtivas e mercadológicas; os Estados alteram suas lógicas de intervenção e de regulação; os indivíduos modificam comportamentos e mentalidade. Em pouco mais de dez anos, ocorreram transformações mais expressivas do que nos últimos cem anos! O processo não só avança inexoravelmente como tudo indica que, na próxima década, serão registradas mudanças ainda mais acentuadas: invenções tecnológicas inimagináveis, avanços fantásticos na medicina, na biotecnologia, câmbios políticos e surgimento de inusitadas possibilidades de articulações sociais graças às redes eletrônicas. São incontáveis as situações que ilustram esses processos. Querendo ou não, indivíduos, comunidades e nações são afetados. Hábitos de consumo, valores, práticas políticas arraigados há gerações são rapidamente transformados. As mais recônditas regiões passam a ser interconectadas por modernos meios de comunicação e integradas aos fluxos econômicos globalizados. Criam-se ou redefinem-se formas de ordenamento social e surgem expressões inéditas de poder e de opressão decorrentes de novas relações de produção e de novas formas de inserção na esfera produtiva.