Certa vez, Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – o renomado autor de Fausto – disse que a melhor forma de conhecer a si mesmo não é a contemplação, mas a ação. No presente editorial, nos permitimos discordar parcialmente do julgamento do ilustre escritor alemão, pois unimos a reflexão sobre o próprio conceito de habitus a um balanço de nossas realizações ao longo do ano de 2008. No que se refere à noção de habitus, é comum associá-la aos nomes de Pierre Bourdieu e Norbert Elias, mas o conceito tem uma história muito anterior. Foi Tomás de Aquino (e, conseqüentemente, boa parte da Escolástica medieval) quem o utilizou pela primeira vez ainda no século XIII. Originalmente, o termo se referia à tradução, para o latim, da noção grega de hexis em Aristóteles, que basicamente se referia às características humanas – tanto físicas quanto morais – adquiridas e firmemente estabelecidas por meio do processo de aprendizagem. Séculos depois, outros grandes nomes das Ciências Humanas – como Durkheim, Mauss, Weber e mesmo Husserl (que foi professor de Elias) – também fizerem uso do termo, embora sempre de forma marginal em seus respectivos escritos.
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