A outra grande escola da Geografia, que se opõe às colocações de Ratzel, vai ser eminentemente francesa, e tem seu principal formulador em Paul Vidal de La Blache. Para compreender o processo de eclosão do pensamento geográfico na França, e o tipo de reflexão que este engendrou, é necessário enfocar os traços gerais do desenvolvimento histórico francês no século XIX, e, em detalhe, a conjuntura da Terceira República e o conflito de interesses com a Alemanha. A França foi o país que realizou, de forma mais pura, uma revolução burguesa. Ali os resquícios feudais foram totalmente varridos, a burguesia instalou seu governo, dando ao Estado a feição que mais atendia a seus interesses. A França havia conhecido uma unificação precoce, que já datava de alguns séculos; a centralização do pode restava garantida pela prática da monarquia absoluta. Isto havia propiciado a formação de uma burguesia sólida, com aspirações consolidadas, e com uma ação nacional. Esta classe formulou e comandou uma transformação radical da ordem existente, implantando o domínio total das relações capitalistas. Napoleão Bonaparte completou este processo de desenvolvimento do capitalismo na França, o qual teve seu ponto de ruptura na Revolução Francesa, que varreu do quadro agrário deste país todos os elementos herdados do feudalismo. Neste movimento, a burguesia agiu como classe revolucionária, levantando-se contra a estrutura social existente e formulando um projeto hegemônico, que aglutinava os interesses do conjunto da sociedade. A revolução francesa foi um movimento popular, comandado pela burguesia, dirigido pelos ideólogos dessa classe. Nesse processo, o pensamento burguês gerou propostas progressistas, instituindo uma tradição liberal no país (esta via expressar-se algumas em posturas defendidas pela Geografia francesa).
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