Entre as tendências e os fatos constantes que se encontram em todos os organismos políticos, há um cuja evidência se pode facilmente manifestar a todos: em todas as sociedades, a começar por aquelas que estão menos desenvolvidas e que apenas chegaram aos primórdios da civilização, até às mais cultas e mais fortes, existem duas classes de pessoas: a dos governantes e a dos governados. A primeira, que é sempre a menos numerosa, executa todas as funções políticas, monopoliza o poder e goza das vantagens que lhe estão associadas; enquanto a segunda, mais numerosa, é dirigida e regulada pela primeira de um modo mais ou menos legal, ou mais ou menos arbitrário e violento, e fornece-lhe, pelo menos aparentemente, os meios materiais de subsistência e os que são necessários à vitalidade do organismo político. Na prática da vida todos reconhecemos a existência desta classe dirigente ou classe política, como de outra vez já a definimos. Sabemos de fato que, no nosso país, na direção da coisa pública está uma minoria de pessoas influentes, de quem a maioria recebe, de bom ou mau grado, a direção, e que o mesmo acontece nos países vizinhos, e não saberemos quase imaginar na realidade um mundo organizado de modo diferente, em que todos igualmente e sem qualquer hierarquia estivessem submetidos a um só ou todos igualmente dirigissem as coisas públicas. Se em teoria raciocinamos de outra maneira, isso é em parte o efeito de hábitos inveterados no nosso pensamento, e em parte é devido à excessiva importância que damos a dois fatos políticos, cuja aparência é muito superior à realidade.
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