Luzes e Sombras sobre as Práticas da Dança na Escola de Educação Física de MG

Luzes e Sombras sobre as Práticas da Dança na Escola de Educação Física de MG

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Detalhes

  • Categoria: Dança
  • Autores: Marcos Antônio Almeida Campos
  • Quantidade de Páginas: 13
  • Data de Inclusão: 08/12/2016
  • Formato do Arquivo: PDF
  • Tamanho do Arquivo: 475 KB

O trabalho faz parte de minha pesquisa de mestrado, em fase inicial, realizada no Programa de PósGraduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a orientação do Professor Doutor Tarcísio Mauro Vago. O tema principal da pesquisa é a inserção da Dança na Escola de Educação Física de Minas Gerais (atual Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais). O objetivo deste trabalho, especificamente, é problematizar a ausência de disciplina(s) dentro do currículo oficial do curso de Educação Física desta instituição, no período que vai de 1952 a 1962, que deixasse claro, em sua denominação, a inserção das práticas de Dança na formação de professores; discutindo, também, as questões de gênero relacionadas a este fato. Após a análise documental, pude constatar que a prática da Dança esteve presente, neste período, como um dos conteúdos mais expressivos da disciplina Ginástica Rítmica. Considerando a Dança como uma atividade de grande relevância na formação de professores de Educação Física, tornou-se necessário pesquisar o porquê desta perda de identidade neste período, sendo a mesma camuflada no interior da disciplina Ginástica Rítmica, o que resultava, conseqüentemente, na exclusão desta prática corporal para o gênero masculino, já que esta disciplina era ofertada somente no currículo feminino. A partir deste fato, realizei uma pesquisa bibliográfica, na qual procurei identificar os esforços empreendidos pelos responsáveis pelo sistema de ensino mineiro, nas primeiras décadas do século XX, no sentido de favorecer a imagem da Ginástica Rítmica, identificando-a como uma prática cientificamente embasada, deixando à margem o caráter livre e criativo da Dança. Sendo esta uma tendência observada em outros locais e períodos, deparamo-nos com a presença da Ginástica Rítmica e a ausência da Dança no Decreto-Lei 1.212, de 1939, que apresentava as orientações a serem observadas pelas instituições superiores de ensino da Educação Física, na organização dos seus currículos. Estas normas foram seguidas pela Escola de Educação Física de Minas Gerais, fruto da fusão de duas instituições fundadas em 1952 que, um ano depois, se uniram com o propósito de juntar forças e ganhar credibilidade frente à sociedade belorizontina. Seu currículo, dividido por gênero, continha, dentre outras disciplinas, a Ginástica Rítmica, sendo esta direcionada somente às turmas femininas. Apesar da Dança estar oficialmente ausente na formação dos futuros professores e professoras de Educação Física naquele período, as fontes nos mostraram que o cotidiano vivido pelas personagens envolvidas era bem diferente. Analisando documentos, fotos, jornais, programas de ensino, diários de classe, cursos ofertados, produções acadêmicas, situados, principalmente, no Centro de Memória da Educação Física e nos arquivos da Seção de Ensino da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, além do depoimento oral da professora Maria Yedda Maurício Ferolla, primeira professora responsável pela disciplina Ginástica Rítmica nesta instituição, pôde-se comprovar que, pelo menos para as mulheres, a Dança esteve consideravelmente presente, dentre outras práticas que faziam parte de sua formação. Isto nos demonstra que a Dança não esteve tão à sombra neste período, pelo menos nas práticas cotidianas, sendo a base principal das aulas de Ginástica Rítmica, afirmando-se como um elemento importante em eventos, dentro e fora da Escola de Educação Física de Minas Gerais, sendo inclusive apreciada e procurada pelos homens, como nos mostram as fontes, o que nos indica a necessidade de discutir as relações de gênero envolvidas neste processo.

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