Dança, Educação e Contemporaneidade

Dança, Educação e Contemporaneidade

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Detalhes

  • Categoria: Dança
  • Autores: Alba Pedreira Vieira
  • Quantidade de Páginas: 22
  • Data de Inclusão: 08/12/2016
  • Formato do Arquivo: PDF
  • Tamanho do Arquivo: 459 KB

Quando refletimos sobre dilemas e desafios da dança na educação, não há como deixar de lado o processo ensino-aprendizagem. Discussões sobre o que ensinar e o que aprender abordam, geralmente, o que o professor de dança deve ensinar e o que seu aluno, supostamente, deve aprender. Tenho eu mesma, como professora de dança há mais de 20 anos, no ensino superior e básico, me confrontado com constantes desafios sobre esta temática, o que instiga reflexões sobre o que o professor de dança aprende e o que seu aluno lhe ‘ensina’. Este parece ser um jogo de inversão de papéis interessante, polêmico, às vezes tenso, e no geral complexo. Tendo presente as diversas interrelações, bem como múltiplas interfaces e faces da dança na escola contemporânea, e as tênues e cambiáveis fronteiras do ensinar e aprender em dança, o que espero com este texto é contribuir para que possamos compreender e qualificar melhor dois lados (ensinar e aprender) de uma mesma moeda (dança e educação). Assim, a temática foco desse artigo se situa dentre os vários dilemas e desafios enfrentados pelos sujeitos que dançam na contemporaneidade. Pesquisadores brasileiros abordam alguns estreitamente relacionados com a dança na educação, por exemplo: Vieira (2008) comenta a inclusão da dança nos Parâmetros Curriculares Nacionais em Arte e o aumento significativo do número de cursos superiores de Dança no Brasil, Strazzacappa e Morandi (2006) discutem a vontade de professores de escolas aprenderem ‘receitas prontas’ de coreografias a serem ensinadas aos alunos para que esses se apresentem nas datas comemorativas (festa junina, festa de encerramento do ano escolar e outras); Marques (2010) enfatiza a necessidade de ensinarmos a partir do contexto dos nossos alunos; Lara e Vieira (2010) ressaltam a necessidade de se estabelecer um ‘jogo’ colaborativo entre professor e alunos no processo educacional em dança. A fim de contribuir com essa temática, busco nesse texto abordar dilemas e desafios nas relações entre dança, educação e contemporaneidade, focando especificamente sobre o que ensinar e o que aprender nesse universo. Meu ponto de partida é o compartilhamento de um projeto artístico-educacional-investigativo que coordenei em Viçosa, MG, no qual desenvolvemos a fruição e usufruição em dança com estudantes de instituições não-particulares. Esse artigo mescla descrição e reflexão sobre ações realizadas em diversas instituições educacionais públicas como parte do projeto anteriormente mencionado. Detalhamentos sobre onde e o que aconteceu serão apresentados adiante no texto. Essa abordagem é baseada no pensamento Tao chinês, em que ação e reflexão não podem existir separados. A ação, ou componente yang, de uma experiência conota movimento levando a transformações. Por exemplo, diante de um dilema, algo vibrante ocorre e essa energia faz com que as pessoas busquem novos caminhos, novos desafios, novas direções. Reciprocamente, a reflexão, ou componente yin, de uma experiência conota significado. A reflexão nos permite organizar e interpretar a ação de tal forma que qualquer mudança que tenha ocorrido é compreendida e até mesmo apreciada. O dilema se torna então um desafio que nos estimular a trilhar novos caminhos e desafios. Sem reflexão, os aspectos positivos da ação são fugazes. Sem a ação – que em dança inclui o movimento, a reflexão é postura intelectual sem implicações no mundo real (SIMPSON, MILLER, BOCHER, 2006). Em meio às descrições das ações e resultados que apresento, e das reflexões que desenvolvo, muitas camadas vão sendo reveladas, como quando se descasca uma cebola. Compartilho significados e elementos da educação da fruição e usufruição em dança experienciada por estudantes da educação infantil e do ensino básico de instituições nãoparticulares, e também discuto como esse estudo e jornada educacional foram nutridos pela minha filosofia pedagógica inicial, que mudou ao longo do caminho.

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