Atualmente há muitos coreógrafos que vêem a dança folclórica não somente como uma tradição transitória, mas também como uma forma de arte. Considerando isso, pretendese com este estudo fazer algumas reflexões sobre o folclore, cultura popular e as danças parafolclóricas brasileiras nos dias de hoje. Entende-se por cultura popular de acordo com a FUNARTE toda e qualquer manifestação artístico-cultural produzida, fruída, preservada e transformada pelos grupos sociais formadores da nação brasileira. Neste sentido, o estudo caracteriza-se como sendo de campo com estudo de caso, buscando-se apresentar uma descrição de como os grupos de danças parafolclóricas do Brasil na atualidade recorrem a questão da identidade e autenticidade em seu processo coreográfico. Combina-se duas perspectivas conhecidas como “emic” e “etic”, já que trata as questões tanto a partir da imersão do investigador na realidade, assumindo a voz de um protagonista, como a perspectiva do investigador exterior, classificando e medindo o objeto de estudo. Foram utilizados instrumentos próprios das ciências sociais e humanas, nomeadamente questionários e entrevistas com questões abertas e semiabertas aplicados pelo pesquisador. Todo estudo foi orientado tendo em vista os seguintes objetivos: identificar as características pessoais dos praticantes dos grupos selecionados para a 27ª edição do Festival de Dança de Joinville na categoria avançada da modalidade de Danças Populares; verificar como é que estes grupos concebem a questão da autenticidade no seu processo coreográfico; perceber como é que as coreografias são criadas pelos coreógrafos; verificar a importância desse estilo de dança na vida desses praticantes e averiguar o porquê destes participantes escolherem este estilo de dança e bem assim discutir os eventuais traços identitários que estas práticas proporcionam; averiguar o porquê destes grupos optarem por serem parafolclóricos e como se estruturam administrativamente e se mantêm financeiramente. Constatou-se que os trabalhos coreográficos apresentados pelos grupos pesquisados oscilam entre a resistência e a aceitação. Resistências por parte de pessoas que não vêem a dança folclórica como uma forma de arte e passível a intervenções externas. E aceitação por parte de coreógrafos curiosos, de bailarinos que gostam de experimentar novas possibilidades, onde contradições, rupturas e novas tentativas são elementos aceitos e fundamentais no processo criativo, e que podem enfatizar a importância da legitimidade na construção de identidade. Coreografia, memória e pesquisa são pontos marcantes nestes grupos.
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