A viola de 10 cordas é um instrumento de origem portuguesa trazido para o Brasil pelos primeiros colonizadores e jesuítas, ainda no século 16. Luis da Câmara Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, escreveu: “Deve ter sido o primeiro instrumento de cordas que o Brasil conheceu. O século do povoamento brasileiro, o século XVI, foi a época do esplendor da viola em Portugal, expresso nos autos de Gil Vicente e nos Cancioneiros”.(1954, p.639). Se atentarmos para o fato de que a colonização do Brasil se desenvolveu, principalmente, a partir de duas cidades — Salvador e Rio de Janeiro — poderíamos concluir que a viola deveria ter sido um instrumento bastante utilizado ou, pelo menos, um dos instrumentos musicais adotados na cidade do Rio de Janeiro, o que de fato aconteceu por mais ou menos 400 anos. No entanto, houve um momento em que o violão passou a ocupar o lugar da viola e esta deixou de ser utilizada pelos músicos cariocas. Essa mudança ocorreu durante o século 19 e ao fim deste século, quando começaram a aparecer no Rio de Janeiro gêneros musicais como Maxixe e Choro, e mais tarde Samba, a viola não mais fazia parte da vida musical carioca. O fato de a viola não ter sido utilizada em nenhum deles instigou-nos a realizar uma pesquisa de inserção do instrumento nestes gêneros, por meio de arranjos para a viola solo de algumas obras selecionadas. O arranjo de “Carinhoso”, de Pixinguinha2, é, dentre os arranjos, um dos mais representativos, sendo objeto de análise para a Tese de Doutorado. Nesta Comunicação, comentamos parte desta análise musical.
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