O objetivo deste trabalho é mapear, analisar, problematizar e dessacralizar alguns discursos que envolvem a “moda de viola” enquanto expressão cultural “pura e inocente”, discursos estes advindos, principalmente de agentes culturais, propagados pelos canais midiáticos e reiterados por muitos intelectuais de diversas áreas do conhecimento. Procuramos analisar determinados elementos da prática discursiva – e, em alguns momentos, também de algumas práticas sociais – presentes nas modas de viola: “Boiadeiro de palavra, Preto de alma branca, Preto inocente e Caboclo na cidade”. Para tanto, elegemos o método arqueológico/genealógico de Foucault, que visa fazer uma arqueologia dos saberes que impregnam os compositores das modas de viola, que dão vida a discursos que reverberam até os dias de hoje, bem como perscrutar como esses saberes agiam/agem no tecido social. Em alguns momentos, também utilizamos a metodologia da história do cotidiano, no intuito de melhor observar as ressonâncias deste discurso sobre determinadas praticas sociais contemporâneas a sua elaboração, como também, nos dias atuais. Toda esta pesquisa nos possibilitou perceber que a própria imagem do caipira, deve ser problematizada, historicizada e percebida como uma construção discursiva atualizada e reatualizada por algumas práticas sociais, ou seja, não devermos perceber esta identidade como óbvia e natural, ou natural porque óbvia.
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