Ao longo dos últimos dez anos surgiram na Região Sudeste do Brasil, especialmente nos Estado de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, grupos musicais que inauguram um novo segmento da música sertaneja ou caipira. São bandas formadas por jovens oriundos de camadas médias da sociedade, em geral com formação universitária. Embora marcado por uma diversidade estilística considerável, o repertório produzido por esses grupos tem como característica comum a mescla de elementos do universo pop, como a sonoridade de instrumentos eletrônicos (guitarra e contra-baixo) ao estilo do hard rock, do grunge, do rap, do funk e do reggae, e matrizes musicais da cultura caipira, especialmente moda-de-viola, catira, cururu, samba rural paulista e jongo. Essa produção, identificada pela mídia por denominações diversas como Viola Turbinada, Caipira Groove e Pós Caipira, se dá através de pequenas gravadoras e de selos independentes. A divulgação é feita pelo rádio, pela internet e em circuitos alternativos de show, principalmente nos campi universitários da região. Nos anos de 2002 e 2003, foram realizadas na cidade de Campinas duas edições do Festival Caipira Groove em que milhares de jovens se reuniram para cantar e dançar ao som dessas bandas. Com esta exposição pretende-se investigar de que modo essas fusões de gêneros e estilos musicais populares podem revelar novos sentidos atribuídos por esses sujeitos a determinadas tradições num contexto marcado por forte mercantilização da cultura e pela globalização. Buscase verificar até que ponto estamos diante de produções simbólicas que expressam a construção de novas identidades nas quais se articulam aspectos culturais locais, regionais e globais.
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