O que existe em comum entre as grandes obras musicais? Alguma essência de beleza? O puro costume, massacrado por interesse comercial ou ideológico? Para tratar dessa questão, procura-se aqui, na abordagem do belo – como fundamento de valor da obra musical – não identificar uma essência, mas discernir os meios utilizados para a sua persuasão, pública ou privada. Aristóteles apresenta a Retórica e a Dialética como duas espécies de um mesmo gênero de arte que interpreta a maneira como se dá a produção da prova ou a persuasão no processo discursivo, ou seja, no logos. Pretende-se situar a Estética nesse mesmo gênero, de forma que se aborde o belo a partir da produção de sua certeza, vale dizer, pela persuasão. Interpreta-se, ainda, o papel do hábito e do costume nessa certeza de beleza, segundo as concepções humeanas sobre o processo de construção de crença habitual: a relação entre impressões e ideias a partir de um sistema interno à obra, um discurso de convencimento baseado na expectativa de determinados movimentos e a crença habitual na regularidade. A questão central aqui enfrentada diz respeito ao que se considera ser o maior e mais característico traço da música do Século XX: a banalização de sua presença no cotidiano e a perda do referencial de valor essencial do objeto de arte. Palavras-chave: persuasão; crença estética; hábito.
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