Caetano Veloso sempre se mostrou preocupado com os rumos tomados pela música no Brasil. Desde o início de sua carreira, tornou-se ato freqüente em sua atividade como cancionista a incorporação de fragmentos da cultura lítero-musical brasileira e mundial e a rearticulação destes elementos de maneira a olhar criticamente a tradição, o estado presente da arte e suas projeções para o futuro. Tal conduta é coerente com a prática artística no século XX, que tem se caracterizado por um processo constante de auto-reflexão, através de procedimentos intertextuais. Dos procedimentos adotados por Caetano, podemos destacar a paródia. Porém, pelo grau de complexidade alcançado pelas manifestações artísticas modernas em “virar-se para dentro”, faz-se necessário a ampliação deste conceito. Segundo Affonso Romano de Sant’Anna, a paródia deve ser estudada ao lado da paráfrase, da estilização e da apropriação. Estes conceitos iluminam o processo criativo de Caetano ao nível lingüístico, porém, sendo a canção uma forma de arte essencialmente verbo-musical, faz-se necessário a observação de que forma a música contribui neste jogo de sentidos.A presente comunicação abordará uma das canções de Caetano Veloso que faz uso da intertextualidade e levantará questões a respeito de como essa noção pode ser aplicada aos estudos de música popular. Palavras-chave: Música Popular Brasileira, Caetano Veloso, Intertextualidade
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