Partindo do contexto empírico do cruzamento de práticas religiosas de grupos ecológicos com práticas ecológicas de grupos religiosos, buscamos, na convergência destas práticas, a pertinência da dualidade natureza e cultura para compreender as transformações no conceito de religião e do sagrado. Tomamos como principal referencial metodológico a contribuição da antropologia fenomenológica que busca colapsar a dualidade natureza e cultura no conceito de paisagem, enquanto “corpo do mundo”. Partindo desta perspectiva, vamos trabalhar com a hipótese de que a paisagem, enquanto “corpo do mundo”, pode ser tomada como o solo da cultura e da religião, no sentido de que o sujeito humano, em sua condição corporal de “ser no mundo”, está não apenas implicado na paisagem, mas esta é a condição de seu engajamento no mundo e na cultura. Três conceitos serão destacados em nossa análise: o de “carne”, enunciado por Merleau-Ponty, que destaca a continuidade entre o corpo do mundo e o corpo humano; o conceito de corporeidade (embodiment), trabalhado por Thomas Csordas como um paradigma de compreensão dos sujeitos humanos na cultura; e o conceito de paisagem, que será tomado no horizonte de uma epistemologia ecológica, proposta por Tim Ingold.
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