Ao longo de centenas de milhares de anos, os animais conseguiram sobreviver por meio da adaptação física. Seus dentes e suas garras afiadas, os cascos duros e as carapaças rijas, seus venenos e odores, os sentidos hiper- sensíveis, a capacidade de correr, saltar, cavar, a estranha habilidade de confundir- se com o terreno, com as cascas das árvores, com as folhagens, todas essas são manifestações de corpos maravilhosamente adaptados à natureza ao seu redor. Mas a coisa não se esgota na adaptação física do organismo ao ambiente. O animal faz com que a natureza se adapte a seu corpo. E vemos as represas construídas pelos castores, os buracosesconderijo dos tatus, os formigueiros, as colméias de abelhas, as casas de joão-de-barro... E o extraordinário é que toda essa sabedoria para sobreviver e arte para fazer seja transmitida de geração a geração, silenciosamente, sem palavras e sem mestres. Lembro-me daquela vespa caçadora que sai em busca de uma aranha, luta com ela, pica-a, paralisa-a, arrastando-a então para seu ninho. Ali deposita seus ovos e morre. Tempos depois, as larvas nascerão e se alimentarão da carne fresca da aranha imóvel. Crescerão. E, sem haver tomado lições ou freqüentado escolas, um dia ouvirão a voz silenciosa da sabedoria que habita seus corpos, há milhares de anos: "Chegou a hora. E necessário buscar uma aranha..."
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