A questão do racismo, embora seja central em nossa tradição histórico-cultural, tem sido relegada a um mero detalhe no ensino de literatura do fim da escola básica brasileira. Um silenciamento que demonstra a redução dos papéis da leitura literária. Tendo em vista tal problemática, a presente comunicação pretende analisar a perspectiva redutora que dá forma aos livros didáticos de literatura para o ensino médio brasileiro. Observa-se, nesses manuais, que trabalhar a historicidade do texto literário significa tratá-lo em uma linha de tempo linear-cronológica, reproduzindo a organização tradicional dos estudos em estilos de época, seus autores e obras mais representativos. Por trás desse quadro cronológico, surgindo como um fundamento da escolha da maioria dos autores e obras, encontra-se um projeto de nação limitador marcado pela amenização de tensões sociais que possam fazer lembrar a violência sofrida por grupos étnico-raciais sujeitados ou dizimados no decorrer da história social do Brasil. A partir dessa análise, serão propostas estratégias metodológicas para a inserção da literatura afro-brasileira em materiais didáticos de literatura, com a finalidade de levar o estudante de Ensino Médio a travar um diálogo crítico com textos e obras de escritores que articulem lugares de memória afro-brasileiros.
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