A passagem de um século para outro, para Portugal com para Angola, foi uma época de aspiração a mudança e de desilusão, que teve a complementá-la um facto que permaneceria, o da implantação da República, ao iniciar-se o segundo decénio do novo século. Em Angola, o primeiro decénio do século foi preenchido por um eclodir do movimento de protesto crioulo, assumindo formas além das literárias, que principalmente foram as suas, com a constituição de movimentos vários à volta desse ideal finissecular que foi a instrução e com a manifestação de africanos em seu favor assumindo formas novas de representação, como a da marcha nas ruas em sua defesa. Foi líder dos africanos António Joaquim de Miranda (1864-?), de cuja capacidade literária já aqui apresentámos testemunho e que, na sua luta pela instrução do seu povo, já então alargada ao povo africano não-assimilado, preencherá os dois primeiros decénios do século em mudança, numa luta áspera, ainda que infrutífera. A sua primeira manifestação foi através da constituição de uma associação voluntária, a Educação do Povo — Assistência Mútua, objectivando a «civilização» e a reforma dos africanos.
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