Num interessante artigo publicado em www.revistadehistoria.com.br sobre a educação anarquista, José Damiro de Moraes escreveu que os grupos políticos e econômicos dominantes no Brasil do início do século XX criaram e divulgaram a tese segundo a qual o anarquismo seria uma “planta exótica” – vinda da Europa, não teria clima favorável para se desenvolver por aqui. A comparação biológica entre um movimento de idéias em prol da liberdade e da igualdade entre as pessoas, como é o anarquismo, a uma planta estranha já demonstrava a enorme incapacidade dos mandantes conservadores brasileiros de lidarem com idéias novas, ou mesmo de aceitarem as mudanças sociais trazidas pela profunda transformação por que passava a sociedade naquele período posterior à Proclamação da República. O país havia recém-saído de um regime político monárquico e ainda era governado por uma elite escravocrata. Herdeira do antigo modo de vida presente nas relações entre a casa grande e a senzala, nos engenhos e nas fazendas de café, pouco estava acostumada a lidar com trabalhadores livres. Porém, apesar desse ranço conservador perdurar no campo, o novo século abria-se para um ciclo social diferente, marcado pela nascente industrialização e crescente urbanização, principalmente no eixo entre São Paulo e Rio de Janeiro.
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