Acredito que se faz necessário, antes de tudo, prevenir que as reflexões que se seguem partem de uma experiência um tanto específica, que é a de ser professor de Filosofia no Colégio Pedro II. O Pedro II é um colégio público, mas, ao lado de algumas outras poucas instituições de ensino básico, diferencia-se da maioria das escolas públicas por fazer com que boa parte de seus alunos passe por concursos de acesso à matrícula no colégio. Tais processos de seleção tornam o público, para quem o professor fala, diferenciado, no seu desempenho, da maioria dos alunos das escolas estaduais (e assim é também, creio, nos CAPs e no Colégio Militar, por exemplo). A possibilidade de que esse julgamento seja parcial ou preconceituoso fica diminuída em virtude de apoiar-se no testemunho de colegas de diversas outras áreas que lecionam tanto no Pedro II quanto nos colégios estaduais, assim como também pela comparação, entre os alunos dessas instituições, com relação a seus desempenhos nos vestibulares. Duas diferenças entre as experiências de trabalhar com Filosofia no ensino básico e no ensino superior podem ser lembradas de imediato. Uma, é a de que no ensino superior você fala para adultos que ali estão, na sala de aula, por escolha; supostamente, estarão, por isso, interessados no que você tem a dizer. A outra é a de que a função de professor no nível superior envolve também dedicação à pesquisa, que está, oficialmente, ao menos, excluída do magistério para o ensino básico no que se refere à distribuição da carga horária.
Copyright © 2024 CliqueApostilas | Todos os direitos reservados.