Muito se tem discutido sobre a questão das águas no cenário de uma tremenda seca que está abalando o sudeste brasileiro. Fala-se em falta de estratégia do governador do estado, bem como que o problema é realmente fruto da seca. No meu ponto de vista, não se pode descartar esses fatores que são extremamente importantes para explicar este cenário, mas temos também que pensar nos processos que envolvem o ciclo hidrológico e na intervenção negativa provocada pelo homem. O ciclo da água começa a partir do momento em que a água evapora, alcança grandes altitudes, se condensa, vira nuvem e se precipita. Quando ocorre a precipitação a água pode escorrer superficialmente atingindo os córregos, rios e reservatórios e, finalmente, os oceanos; ou então se infiltrar, atingindo os lençóis freáticos ou áreas de recarga de aquíferos. Mas para que este processo de infiltração no solo ocorra é necessário que existam boas condições, onde a vegetação irá exercer papel fundamental. A água cai e por causa da vegetação irá ter sua velocidade reduzida até atingir o solo, e como o solo possui uma maior porosidade - devido à matéria orgânica do entorno desta vegetação - ela irá se infiltrar e atingir os lençóis freáticos ou aquíferos. Esta água é essencial, pois é ela que irá abastecer gradualmente grande parte os rios e reservatórios. Porém, o ser humano através de uma agricultura extensiva, em sua grande parte de um só produto, extremamente predatória, está abalando esta parte do ciclo hidrológico, que é a infiltração da água no solo, que se perde por evaporação e por escoamento - não se infiltrando, não permanecendo no solo e nem abastecendo os lençóis freáticos.
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