Desde pequeno que gosto de violino, de ouvir e de tocar. Mesmo antes de saber que existia a etnomusicologia, já sabia que queria saber como outros povos tocavam este instrumento, e principalmente aprender essas formas de o tocar e interpretar. Mais tarde ao crescer comecei a interessar-me por pessoas, bem sei que isto é uma forma muito lata de me expressar mas, é mesmo disso que se trata, quis saber qual a perspectiva que as outras pessoas tinham da vida, da sua realidade; assim sendo, calculei que um bom reflexo desta perspectiva se encontraria na forma como as pessoas contam a sua vida. Isto é algo em que, é extremamente difícil ser-se exacto; no entanto, o próprio esquecimento ou deturpação/imaginação de factos é, por si só, válido como indicativo dos valores, conceitos e percepções de uma pessoa e mesmo de uma determinada cultura de onde esta provenha (Fischer 1986)1 . Resumidamente este trabalho trata principalmente de duas questões: histórias de vida de violinistas caboverdianos actualmente residentes na área da grande Lisboa, e questões técnicas concernentes às práticas performativas dos mesmos. Este trabalho encontrou vários obstáculos ao longo do seu percurso desde o desânimo inicial quando o panorama musical que o trabalho abarca parecia estagnado até a informantes que, após várias tentativas nunca foi possível entrevistar, por falta de disponibilidade dos mesmos. Outra dificuldade que encontramos neste tipo de trabalhos é que a limitação de tempo e verbas é maior, logo o universo de estudo acaba por ser bem menor do que aquilo que poderia ser. Um claro exemplo é o de se tratar de um trabalho sobre violinistas caboverdianos no contexto migratório português e não propriamente, o ideal, que seria um trabalho sobre violinistas caboverdianos em Cabo Verde, sendo o trabalho feito in loco. No entanto deve dizer-se que todo este processo de investigação, o de redigir o trabalho inclusive, tem sido extremamente gratificante, mais do que pensava.
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