: O presente trabalho consta na análise do ritual de iniciação das jovens índias Kamayurá e a função que este desempenha no interior de uma rede de relações coletivamente estabelecidas no interior do grupo selecionado, sob a hipótese de que o mesmo colabora para a formação cultural do grupo, fixando valores e reafirmando crenças. Percebe-se que tal rito implica, para além da reclusão física da jovem moça em determinado espaço da casa, em um período de intenso aprendizado, uma vez que a jovem aprende a confeccionar artesanatos, tecer o fio do algodão e a cozinhar com a mãe e outras mulheres do grupo. Concluído o tempo de reclusão, delimitado pelo pai da moça, a jovem é apresentada a toda a comunidade como mulher, passível de pretendentes e propostas de casamento. O ritual feminino de iniciação, portanto, desempenha um importante papel social no interior da cultura Kamayurá, pois é o momento social que revela tanto a distinção quanto a separação entre o mundo infantil e o mundo adulto; é um rito de passagem entre nascer mulher e tornar-se mulher. A magnitude do rito de iniciação feminino consta, tendo em vista a centralidade da figura feminina na organização sócio-espacial daquela comunidade, no fato de que o mesmo prepara as jovens indígenas para as responsabilidades que a vida adulta lhes trará, como o matrimônio e a maternidade.
Copyright © 2024 CliqueApostilas | Todos os direitos reservados.