Quando ha cinco séculos os europeus desembarcaram no novo mundo, viviam nas Américas 100 milhões de indígenas. Compunham centenas de povos com culturas, idiomas, crenças, conhecimentos médicos e sistemas cosmogônicos próprios. Tais conhecimentos resultaram de trajetórias milenares de convívio, adaptação e domínio de seus habitats naturais, saberes repassados e aprimorados por milhares de gerações. Aqui na costa brasileira além do pau-brasil e das inumeráveis riquezas naturais que já encantavam Pero Vaz de Caminha uma grande presença humana desafiou o instinto dominador e escravagista do europeu e testemunhou uma tragédia sem proporções. Nos limites do atual território brasileiro estima-se que em torno de 5 milhões de indivíduos compunham cerca de duzentas etnias, falando em torno de mil línguas e dialetos, numa fascinante diversidade de manifestações e singularidades culturais. Dentre outros um peculiar artesanato de riqueza estética e sofisticado fabrico. Hoje quando não restam mais que 270 mil indivíduos em 206 povos indígenas e cerca de 180 línguas e dialetos sua cultura e sua arte ainda fascinam e encantam. Muitos tesouros segredos e mistérios resistem ainda à expropriação e as invasões culturais colonial, urbana e pós-industrial e são zelosamente guardados no âmago daquelas comunidades. A vigésima Feira Nacional de Artesanato se congratula com as etnias presentes, aqui relacionadas, representantes de todas as regiões, estados e biomas brasileiros. Se sente honrada com a sua participação, primeiros habitantes do novo mundo, fabricantes e exportadores que são de produtos artesanais próprios e em particular pioneiros em nosso país.