A contracultura foi constituída por uma série de movimentos díspares e contraditórios que visavam à contestação dos valores tradicionais e o racionalismo da modernidade e da tecnocracia. Ela manifestou-se amplamente na música, na poesia e na literatura entre outros espaços artísticos; nas manifestações políticas da nova esquerda, a luta ecologista, nos movimentos feministas, na luta pela liberdade sexual etc. Apoiavam-se num ideário no qual estavam na agenda novas formas de vida, rejeição a valores da sociedade industrial e novas experiências espirituais e sensoriais por meio de substâncias alteradoras de consciência. Estes preceitos, embora presentes nas décadas anteriores, tomaram vulto nos anos 1960 e provocaram diversas mudanças, algumas sutis, outras não, nos costumes e nas práticas cotidianas, além de enorme impacto no meio artístico-cultural. No Brasil, que vivia em pleno período ditatorial, parte da juventude recontextualizou e ressignificou o imaginário e as práticas da contracultura internacional inserindo-a no cenário nacional (SANTOS, 2008). Alguns destes jovens buscaram formas alternativas de vida comunitária e a viver do trabalho artesanal. Em Ouro Preto, iniciou-se um grande fluxo contracultural a partir de 1967, estimulado pelo clima cultural dos primeiros Festivais de Inverno promovidos pela Universidade Federal de Minas Gerais. Esse fluxo se ampliaria na década seguinte e permaneceria nos anos oitenta. Mas a contracultura apresenta-se de forma multifacetada e heterogênea, sendo impossível uma homogeneização desses movimentos.
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