A diferença se torna um valor na sociedade contemporânea. Dessa forma, grupos buscam afirmar essa diferença em torno de preceitos identitários, a partir dos quais organizam suas ações e suas demandas. Embora isso seja típico de nosso tempo, elementos desse fenômeno se encontram em outras épocas. De fato, muitos autores chegam mesmo a perceber na valorização contemporânea da diferença uma correspondência com a época romântica, em que intelectuais articularam a diferença em oposição ao universalismo dos ilustrados. É evidente que há distâncias entre os dois tratamentos da diferença, mas me interessa pensar neste texto as possibilidades de relação em torno de um aspecto central: o uso que atores sociais fazem ou fizeram da diferença cultural para afirmar particularidades e, assim, empreenderem lutas contra processos percebidos com universalistas. Tendo essa constelação temporal em mente, volto-me, contudo, somente ao século XIX e ao espaço alemão. Meu foco é analisar os intelectuais daquele tempo-espaço que formaram o romantismo e os elementos de um discurso nacionalista alemão em oposição, especialmente, ao cosmopolitismo francês. Desejo mostrar as razões sociais e históricas para a ação desses intelectuais e seus modos de articulação da diferença.
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