Este artigo se insere na linha de pesquisa de Teoria e Prática da Execução Musical e tem como objetivo analisar alguns dos recursos idiomáticos do violoncelo usados por Heitor Villa-Lobos (1887-1959) em sua Fantasia para Violoncelo e Orquestra (1945), além de apresentar fatos relevantes sobre essa obra, no intuito de contextualizá-la dentro do repertório para este instrumento. Recorreu-se, como método de estudo, à análise de partituras manuscritas e editadas, bibliografia específica, depoimentos, artigos, reportagens, além do estudo comparativo com outras obras para violoncelo de outros compositores (e do próprio Villa-Lobos), que utilizaram recursos idiomáticos idênticos ou semelhantes. Como resultado desse trabalho, este pesquisador constatou que o compositor usou para o violoncelo muitos dos elementos que também aparecem em suas obras para outros instrumentos de cordas como, por exemplo, o violino e o violão, tendo com recorrência e diversificação as cordas soltas, glissandos, acordes de três ou quatro sons, além de recursos composicionais como o uso de padrões simétricos de sons baseados na disposição de teclas brancas e pretas dos instrumentos de teclado. Ao se analisar mais profundamente a obra, percebe-se que a escrita vem de um compositor que conhecia muito bem as possibilidades do instrumento. Nada que ele escreveu para o violoncelo pode ser considerado impossível de se executar, mesmo que em certas obras o nível de complexidade seja alto. Trata-se de uma obra que, por seu valor, deveria ser apresentada com mais frequência, não se justificando suas raras execuções e gravações.
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